O autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil
que se manifesta antes dos três anos e se prolonga por toda a vida.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de
pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno. De acordo com o CID 10,
os critérios de avaliação para diagnosticar uma criança, precisa
apresentar um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da
idade de três anos; apresentar uma perturbação característica do
funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações
sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso,
o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações
inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da
alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).
Algumas crianças com autismo se desenvolvem antes de 1 ou 2
anos, mas de repente "regridem" e perdem as habilidades linguísticas ou
sociais que adquiriram anteriormente, dessa forma é de suma importância
uma equipe especializada, para poder avaliar a criança e identificar
tais sintomas, pois muitas vezes podem ser confundidos com atraso de
linguagem, por não se comunicarem, então para descartar qualquer dúvida
em relação a fala é importante avaliar se não apresenta deficiência
auditiva que venha comprometer a fala e dessa forma as outras áreas como
a socialização, interação. Os problemas de comunicação no autismo
variam, geralmente podem iniciar ou manter uma conversa social,
comunicar-se com gestos em vez de palavras, podem desenvolver a
linguagem lentamente ou não desenvolvê-la, não ajustar a visão para
olhar para os objetos que as outras pessoas estão olhando, não se
referir a si mesmo de forma correta (por exemplo, dizer "você quer água"
quando a criança quer dizer "eu quero água"), repetir palavras ou
trechos memorizados.
Já no âmbito social, apresentam uma dificuldade considerável
na socialização, com vários níveis de gravidade, umas com problemas mais
severos, outras apresentam dificuldades mais sutis, quase
imperceptíveis para muitas pessoas e até profissionais. Ainda falando
sobre a socialização a criança com autismo tem dificuldade com o contato
visual. Esse contato ocular, olhar nos olhos, é o primeiro passo para
uma intenção de nos comunicarmos, nas crianças com autismo tendem a não
fazer muitas vezes. Apresentam também algumas restrições sensoriais,
como respostas a informações sensoriais, como visão, audição, tato,
olfato ou paladar ampliados ou diminuídos, podem achar ruídos normais
dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos, podem evitar contato físico
por ser muito estimulante ou opressivo, parece ter um aumento ou
diminuição na resposta à dor. E por último destacamos as disfunções
comportamentais, onde os padrões de comportamento das pessoas com
autismo são identificados facilmente, pois não estão relacionados aos
costumes de um povo, e sim ao desenvolvimento particular dessas
crianças, e esses comportamentos, podem ser comportamentos motores
estereotipados e repetitivos, como pular, balançar o corpo, as mãos,
bater palmas, agitar ou torcer os dedos, realizados sempre da mesma
maneira e muitos pais observam algumas manias na criança que desenvolve
tais comportamentos. Outro comportamento que devemos citar são os
disruptivos cognitivos, tais como compulsão, rituais e rotinas, mesmice e
interesses limitados que são caracterizados por uma aderência rígida a
alguma regra. Muitos possuem habilidades espetaculares, sabem de
muitas coisas específicas,mas apresentam dificuldades em ampliar sua
atenção a outros aprendizados, dedicam-se todas as suas energias a um
único foco de interesse. Também apresentam dificuldade nas áreas de
funções executivas, ou seja, podem resistem à mudança de rotinas, tendem
a usar a memória daquilo que fizeram ao invés de planejar novas ações,
ficam aflitas quando precisam tomar decisões, escolhas, apresentam
dificuldades para se adaptar a regras e informações, ficam ansiosas com
mudanças e tem grandes problemas com transições, por isso que os padrões
repetitivos e restritos dominam com frequência as atividades diárias.
Para uma melhor evolução é importante um trabalho com equipe
especializada, que vão dar direcionamento no tratamento adequado, para
que junto com a família possa intervir e ter um bom prognóstico. Onde o
objetivo de tratamento deve seguir uma linha de um tratamento
individualizado; adequação dos materiais pedagógicos (ensino
sistematizado e estruturado); intervenção e orientação escolar;
hiperinvestimento em comunicação e socialização; práticas adequadas para
o desenvolvimento; atividades físicas; envolvimento familiar. Para que
isso tudo venha acontecer a família que lida com o autismo, devem ser
bem orientadas e incentivadas.
Ana Lúcia X. Nascimento
Psicóloga Clínica Infantil - CRP 13/5804
Email: aninhaxavier_@hotmail.com
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