Retrospectiva - Relato de Parto Humanizado por Erica Chianca


Totalmente envolvida pela curiosidade de ter alguém tão próximo com a experiência do parto humanizado perguntei se a Erica toparia fazer um relato aqui no blog e na mesma hora ela topou, jamais imaginei que seria tão bem relatado e com tanta emoção, nada melhor do que uma mulher que já passou pelo parto cesárea para descrever toda busca, batalha e força de ter seu parto humanizado em casa, mas precisamente em seu quarto na companhia do seu marido e de uma equipe de sua total confiança.
Tenho certeza que assim como eu vocês vão se emocionar com essa linda historia da Erica Chianca, mãe da Valentina e do Ian.


Meu relato de parto – Érica Chianca - VBAC 

Tudo está conectado... 

A segunda gestação começa com a primeira. Desde a notícia que estava grávida de Valentina, minha primeira filha, fiz a opção pelo parto normal. Com 24 anos, recém formada e engravidando após somente nove meses de namoro, no turbilhão dos hormônios e acontecimentos da gestação, recebi o pacote completo: marido, filho, casa, obrigações, orçamento, trabalho... Tudo isso associado ao estado de fragilidade da gestação e simplesmente ao desconhecimento de que ter um parto normal em nosso país significa tornar-se pós-graduanda autônoma em obstetrícia, foram caminhos que hoje avalio claramente que me levaram a cair em uma cesárea desnecessária.

Foram nove meses de uma gestação tranquila, sem nenhuma alteração nos exames a não ser pela insistência já nos últimos meses do médico que fazia as ultra-sons de uma baixa quantidade de líquido amniótico. Enfim, tomei corticóide para acelerar a maturação dos pulmões do bebê por indicação da Ginecologista Obstetra (GO) caso fosse preciso uma intervenção de emergência, e por sugestões, fiz banhos de imersão na piscina da minha casa todos os dias até a chegada do bebê para contribuir no aumento do líquido.

Por volta da 39ª semana comecei a sentir coisas estranhas na barriga. Mesmo sendo uma mãe desconectada/desinformada meu extinto falava: “Está chegando a hora!”. Não comentei nada com ninguém. Fiquei em silêncio. Naquela altura da gestação já estava fazendo as famosas consultas semanais e na sexta-feira, após uma semana de sintomas velados, fui ao consultório. Recebi o meu primeiro toque (bem dolorido, lembro-me que com sangue...) e a comprovação: três centímetros de dilatação! E foi o início dos abusos desrespeitosos em relação a minha escolha pelo PN.

No toque reclamei da dor e recebi a resposta: “E você quer normal? E reclama dessa dor? Assim não dá”. E em seguida a proposta: “E aí, vamos para o hospital?”. Neguei, mas, infelizmente, neguei pelo medo e não pelo meu empoderamento. Antes de passar pela cesárea não havia se quer arrancado um dente e o pânico de entrar em um hospital para me submeter a uma cirurgia de grande porte me fez dar um tchau para a GO e cair fora do consultório com as ultimas palavras dela: “Corre o risco de nascer no final de semana viu?”. Hoje, agradeço pela presença de espírito, falei: “Se minha Valentina quiser vir no final de semana que venha”.

E lá veio ela... 

E claro que ela viria! Com três centímetros de dilatação na sexta, eu já estava em trabalho de parto, mais perto do que longe da partolândia, sentir as contrações, o círculo de fogo e parir minha robusta menina. E no domingo, às 7h40 da manhã, mesmo dormindo, acordei com um súbito desejo de fazer xixi e em um milésimo de segundo, entre ter a vontade e despertar, a minha cama já estava toda molhada. Acordei o marido, que deu um pulo e começamos a loucura.

Desinformada, além de estar assustada com toda a água que saía (já que falavam que eu estava com pouca, imagina se saísse tudo como estava saindo?), quando vi o tampão saindo (verde, com sangue, gosmento) caí em desespero. Imagine, injeções de corticóide, diagnósticos de liquido amniótico reduzido e simplesmente sai uma coisa horrorosa (sim, o tampão é horroroso!). Liguei para a GO e disse que o líquido estava verde, e tive a indicação de correr para o hospital, ela falava que o bebê podia não estar bem por conta da aparência da água que saía.

Chegando lá, sem a equipe que iria me acompanhar, os funcionários do hospital não sabiam muito bem como proceder. Lá estava eu, com uma toalha entre as pernas, toda descabelada, com o primeiro vestido que achei no armário, remelas nos olhos, saindo água pra todo lado num lugar aonde 100% das mulheres chegam maquiadas, de cabelos escovados, divas, com lembrancinhas na mão para terem seus filhos de hora marcada.

O maqueiro ficou louco. Não esperou nem meu marido. Saiu em disparada comigo pelos corredores em uma cadeira de rodas achando que eu podia parir ali a qualquer momento. Naquele instante creio que o nervosismo ou mesmo o transe do parto estavam chegando. Eu já não associava nada com nada. Tudo parecia um sonho. Não era capaz de reagir, decidir, discernir.

A equipe chegou. Não fizeram toque. A GO analisou o líquido, ele era limpo e transparente, sem cheiro. Auscultaram o bebê, tudo perfeito. A enfermeira chegou e foi orientada para fazer a tricotomia. Não confirmaram mais nada. Fui levada à sala de cirurgia, anestesiada, passei mal, fiquei num porre forte, querendo apagar, davam tapinhas no meu rosto para que eu não desligasse, ouvia conversas de forma desconexa da equipe e risadas sobre um jantar. A anestesia não me faz sentir dor, mas sinto todos os movimentos bem agressivos (cortes, bisturi, mãos dentro da cavidade, abrindo o buraco).

Com o corte, Valentina subiu, alguém (geralmente é o anestesiologista) colocou-se em cima de mim e começou a empurrar o bebê para baixo, senti todos os empurrões. Alguns segundos depois minha filha desce empurrada, tiram ela e ela chora muito. A equipe liga um som e colocam uma música que eu não escolhi para aquele momento, mostram ela para mim e para o pai, os médicos conduzem as fotos (tira assim, tira assado), eu parcialmente consciente falo umas coisinhas para meu bebê e apago. Só vejo minha Valentina novamente no quarto não sei quanto tempo depois, ainda muito dopada, sentindo todos os efeitos da pesada anestesia, perdida dentro de um corpo que não era o meu, que parecia destroçado, e com um mau humor tremendo.

Até hoje não sei sobre os procedimentos que adotaram com o neonato (colírio, aspiração, etc), mas as fotos do banho e do berçário mostram através do rostinho de forma clara o sofrimento da separação. A violência de deixar o bebê nu naquele ar-condicionado, sendo esfregado para retirar todo o vernix, por uma pessoa que ele não conhece, sem a minha presença, sem o meu carinho. Todo aquele mal estar não propiciou minha ligação inicial com ela (e isso nunca será reparado, nem para mim e nem para ela, infelizmente), o ambiente nada acolhedor não favoreceu.

Saí da maternidade em estado de tristeza profunda, fui ao fundo do poço, as dores da cesárea pesavam no meu corpo e na minha alma, atrapalhando ainda mais o contato com minha filha que naquele momento precisava tanto de mim, do meu corpo sadio. E ali estava o começo de toda uma história que mudaria radicalmente minhas impressões sobre o significado do nascimento, sobre a cultura em que vivemos (aspectos sociais, políticos e econômicos), da mercantilização da saúde, do desempoderamento silencioso da mulher e o sistema da transformação do parto em um ato meramente médico.

E lá vem Ian 

Três anos e alguns meses depois da chegada da nossa Valentina, a descoberta de uma nova gravidez. Todos os traumas gerados pela cesárea voltaram com toda a força, mas dessa vez uma decisão clara: eu iria garantir o meu parto, aquele que eu sempre quis, de forma normal.

Nesse entremeio, entre Valentina e a descoberta da nova gravidez, vale salientar que enfrentamos um período muito ruim. Meu marido foi submetido a uma cirurgia no coração e passamos por momentos horríveis e dolorosos nos corredores de hospitais. Ou seja, de fato não estávamos preparados para encarar novamente três dias se quer de internação, atos médicos, além de que o episódio nos fez encarar a vida de outra forma, uma vida mais livre desse mundo estranho de hoje. Com tudo, é bem possível que todos entendam toda a dimensão de negar as instituições médicas, ou boa parte delas, partindo para uma abordagem mais alternativa e multidisciplinar das questões de saúde, acreditando mais em nós e na nossa natureza.

Em busca do parto normal hospitalar 

Com uma cultura arraigada na medicalização do parto, claro, o meu primeiro batente para subir na escada da chegada ao parto natural domiciliar, passou pela saga de encontrar na listinha do convênio uma obstetra legal que garantisse meu parto normal em um hospital. Passei por três, quatro, cinco nomes do caderninho.
Quando achei uma obstetra fofinha, em nossa primeira conversa sobre o meu desejo pelo parto normal ela soltou logo que cobrava R$ 4.500,00 (além do que ela receberia pelo plano), alegando que eu precisaria de dedicação exclusiva dela, não fazendo uma cara muito bonita, como se recebesse a notícia com desdém. Nesse período ainda não tinha conhecimento sobre humanização e procedimentos invasivos na mãe e no bebê, e para mim era somente achar uma GO que dissesse sim! Mesmo que tivesse que pagar por isso...
Saí de lá com uma pulga atrás da orelha. Se na primeira conversa que tive a dita cuja como a primeira questão levantou a grana, então, teoricamente, o parto normal não era mesmo uma filosofia de vida para ela. Continuei com as consultas e decidi que iria conhecer as maternidades públicas da capital. Sabia que ao entrar em trabalho de parto (como foi com minha primeira filha) numa unidade pública, que prima pelo parto
normal (pelo menos as daqui), eu só iria parar na mesa de cirurgia se fosse estritamente necessário. Li umas matérias sobre hospitais humanizados e parti.

O primeiro contato, no Hospital X: ao chegar na recepção e ao indagar como era o procedimento para ter meu bebê lá recebi um: “Filha, é só chegar aqui e parir. Tem mulher que chega com o bebê já saindo (risos)”. Fiquei completamente chocada com as boas vindas (minha mãe que me acompanhava também). Como não existe acompanhamento? Como só é chegar e parir? Aquilo era uma maternidade humanizada?
Pensei no caminho de volta: “Loucura minha optar pela rede pública de saúde quando posso ter o suporte do melhor hospital da minha cidade”. Mesmo assim, parti para a segunda opção. Na outra instituição a maternidade é referência no atendimento à mulher e, diferente do Hospital X, fui bem recebida desde a porta de entrada. Expliquei a minha história, disse que estava sem saber como fazer, pois nunca tinha utilizado os serviços de saúde pública. Fui encaminhada imediatamente ao setor de serviço social para conversar com a assistente para que ela me apresentasse o local. Visitamos todos os ambientes da maternidade, alojamentos, sala de parto, pré-parto, pós-parto. Novamente fui muito bem atendida e prontamente convidada para participar de um grupo de assistência ao casal grávido (apesar de perceber, claramente, que aquele bom atendimento todo se deu muito pela minha aparência e pelo meu nível educacional).

Até aí tudo bem, maternidade equipada, instalações visitadas, mas durante os encontros comecei a questionar diversos procedimentos e a enxergar que em quesito de humanização a propaganda era maior do que o produto. A equipe responsável pelo grupo não dava garantias aos casais. Uma delas de que a presença do pai (garantida por lei) no parto era mais uma questão de sorte, caso o GO do plantão permitisse, mesmo com todos os homens do grupo manifestando o interesse de estarem com as suas companheiras no momento do nascimento do filho que fizeram juntos. No entanto a mais absurda para mim foi que, se eu, no meu plano de parto, optasse por não ter uma episiotomia, isso também dependeria da conduta e do bom-humor do profissional. O corte no meu corpo, no meu períneo, seria uma decisão externa a mim e a minha família.

Outra bomba foi a questão que a maternidade é uma escola e que algumas mulheres passam por constrangimentos (e riscos) de receberem vários toques, além de que lá usam de vários procedimentos para induzir e acelerar o trabalho de parto. Em cada abordagem desses “problemas” eu me exaltava. Nessa altura eu já estava devorando leituras sobre humanização, procedimentos e já tinha uma base boa para provocar perguntas incomodas (na verdade eu tinha claramente informação a mais do que todas as mulheres do grupo, a maioria de baixa renda, muitas vezes até mais do que as monitoras, que eram psicólogas).
Além desses pontos, percebia sempre um tom de “seja boa que nós seremos bons” quando vez ou outra falavam “vocês precisam cooperar em seus partos”. Aquilo ecoava para mim como um não grite muito, não fale muito, não exija muito, não, não, não! Comecei a ficar sufocada com a possibilidade de parir ali. E se eu quisesse ser chata? Se eu quisesse ser uma loba? Uivar feito louca, ranger os dentes, parir meu filho de cócoras? Certamente, ali, pela conduta de praxe eu não encontraria o que estava querendo.

Os temas abordados nos encontros para mim já não faziam mais sentido, tudo era muito raso, óbvio, e eu e meu marido começamos a questionar se ali teríamos o parto que estávamos desejando. Começamos a não ser um casal quisto no grupo. Os convites eram feitos por telefone, não recebemos mais, e na ultima vez que frequentamos uma das facilitadoras (a mais preparada) perguntou: “O que você quer pra o seu parto”, eu disse na lata: “Quero um parto domiciliar, é esse meu sonho, é onde vou encontrar ambiente para as minhas decisões e um local totalmente humanizado para o nascimento do meu filho”, e ela disparou a frase que iria engatilhar a minha jornada: “Corra atrás. Você tem o direito de ter seu parto domiciliar. Não tenha mais um parto frustrado em sua lista”. E eu fui.

O grande encontro...

Ao longo dessa jornada fui da conversa com parteiras de comunidades quilombolas a uma médica de referência nacional, de emails trocados com ONGs de apoio ao parto humanizado a participação em grupos online e presencias de apoio ao PN. Informação é tudo, compartilhamento de experiências é empoderamento, segurança, e foi através dessa busca que recebi as indicações de uma médica-parteira que estava atuando com a realização de partos naturais em domicílio em minha cidade. Mas calma, o caminho foi longo...

Corria contra o tempo, minha gestação já chegara aos seis meses, mas o meu primeiro contato foi com uma médica de referência, Dra. Melânia Amorim, que orgulhosamente é do meu estado. Um email enviado com algumas dúvidas e pedindo indicações de como ela trabalhava e pensei: “Jamais uma médica famosa como essa vai dar atenção a um email, é melhor buscar outra alternativa de chegar ao que desejo...”. O envio foi feito na escuridão da madrugada e nos primeiros raios do clarear do dia lá estava a resposta, doce, competente, acolhedora. Ela indicou uma doula, Juliana Sallenave, e pediu para que eu conversasse com ela, a pessoa me daria apoio e mais informações.

Nessa altura do campeonato, todos os meus amigos e familiares estavam sabendo da minha iniciativa (em tempos de Facebook, sabe como é...) e paralelo à indicação da doula, alguns amigos repassaram o contato de uma outra gestante que teria seu parto em casa com uma médica-parteira. Conversamos, viramos comadres, e o parto domiciliar (PD) através do relato bem-sucedido dela parecia cada vez mais a luva perfeita para as nossas mãos: acolhedor, respeitoso, feito no nosso território, participação ativa do pai, com o meu protagonismo e decisões minhas e do meu companheiro.

Mesmo já com a certeza implantada do PD, a questão grana estava nos pegando (sim amigos, o parto humanizado infelizmente na minha terra ainda não é para todas e todos). Eu tinha um bom plano de saúde, pagava muito por isso, e nós, apesar de ter uma vida legal, desde que nos casamos vivemos na linha entre o que se ganha e o que se tem parapagar. Investir em um parto particular e continuar pagando plano de saúde seria por demais pesado em nosso orçamento. De onde eu iria tirar aquela grana? Como faria para garantir o nosso desejo?

Enfim, em uma conversa com a Ju ela me falou que eu fizesse de tudo para investir a grana no parto, que todo o valor do mundo não pagaria a felicidade de conseguir concretizar o nascimento do meu filho de forma respeitosa. Decidi que iria juntar grana, trabalhar em dobro, fazer vaquinha entre os familiares, apertar o orçamento, deixar de comprar bobagens, tentar de tudo. E assim o fiz. Mas o mais bacana foi que (claro, esse nascimento estava escrito no meu destino, esse presente era meu) uma ação que rolava há anos na justiça, que me contemplou com mais de 50% do valor do parto, saiu no ultimo mês de gestação, garantindo de vez o pagamento do parto (do parto, já que tive que pagar as consultas do pré-natal com a médica-parteira de forma particular e arcar com os insumos usados na hora do parto).

A questão da grana pesou sim na decisão definitiva, mas outra abordagem que me deu segurança de que aquele parto iria ser especial foi a condução que a médica-parteira deu ao assunto. Na nossa primeira conversa ficou bem claro que o mais importante era o nascimento do meu filho, e depois, nós iríamos dentro da nossa realidade pagar o parto (dividido, com cheque, etc). Por fim, estávamos ali, decisão definitiva, ela me aceitando como parideira, e começamos a preparação (consultas, exames, participação em rodas, conversas mais que especiais).

E o grande dia chegou!

Estava completando 39 semanas naquele dia. As contrações vieram com força na madrugada da quinta para a sexta-feira (20/09/2013). O engraçado é que elas começaram no mesmo dia em que a filiada da TV Globo do meu estado veio até minha casa para filmar meu barrigão. Eu e meu bebê seríamos protagonistas da vinheta de final de ano do veículo e foram gravadas imagens do quartinho, da minha espera, da barriga linda do Ian. O contato para a gravação foi feito naquele mesmo dia pela manhã e agendado para a noite, dando mesmo só o tempinho da filmagem e depois meu filhão manifestar seu desejo de vir ao mundo externo. Era meu ultimo dia de barrigão.

As contrações não foram amigáveis comigo. Imaginava que seriam espaçadas, fracas, com períodos de descanso, para depois sim engrenar, mas começaram de três em três minutos e bem puxadas. Foi assim a madrugada inteira. Com o aplicativo que cronometra as contrações descobri que elas já estavam juntas demais e resolvemos (eu e o Ubiratan, o papai) ligar para a médica-parteira. Foi muito engraçado e assustador comprovar que estava na hora (ou pelo menos perto). Valentina dormia tranqüila, mas preferimos ajeitar ela no quarto dela (fazemos quarto compartilhado), pois não sabíamos que tipo de movimentação iria acontecer ali naquela madrugada. Ficávamos nos perguntando “Será que é agora? Será que é alarme falso”, entre sorrisinhos e piadinhas de como seria a posição da hora do nascimento, aquele momento foi assustadoramente divertido para nós.

A parteira indicou-me banhos no chuveiro para aliviar as dores e assim o fiz. A água quente nas costas e no corpo aliviavam as contrações, mas era só deitar na cama que voltavam. Foi assim até o amanhecer. Decidi não mais cronometrar nada, queria só dormir, pois sabia que precisaria de energia para quando chegasse a hora do parto de fato. Conseguimos dar uns cochilos, foi assim até o amanhecer e teve uma hora que pedi para pararmos de nos falar por telefone e todos tentarem dormir (eu, o pai e a médica-parteira).
Na manhã da sexta quis que tudo transcorresse de forma normal, marido no trabalho e filha na escola, e eu, claro, não fui ao trabalho. Valentina tinha uma peça de boas vindas à Primavera para encenar às 11h no colégio, conversei dizendo que não poderia ir, pois minha barriga estava doendo e que o papai e o vovô fariam um vídeo para me mostrar tudo depois. Ela foi feliz, preparei a bolsa com as roupas, já que combinamos com meu sogro que quando chegasse o grande dia ele seria o responsável por cuidar de Valentina (ela estava com quase quatro anos na época) e que ela voltaria após o nascimento para conhecer o irmão. Aliás, para o nascimento do Ian o esquema de quem saberia era somente eu, meu marido, o pai dele e a equipe (médica-parteira e doula aprendiz de parteira), já que muitas pessoas temiam pelo PD, e outras eram totalmente contra, além das demais que estavam numa expectativa tremenda se a coisa “iria dar certo”. Com esse esqueminha conseguimos afastar a ansiedade externa e deixar aquele momento tranquilamente só nosso (sim, nada de avisos nas redes sociais, rsrsrsrsrs).

Naquela manhã as contrações grudadas da madrugada deram espaço para outras que ficaram mais espaçadas, porém mais intensas e demoradas. Uma colega (aê Flávia Tito, fazendo parte do relato, rsrsrsrs) veio na minha casa para pegar um nebulizador emprestado para o filho e nem notou nada. Nos telefonemas com minha mãe e pai, nada de transparecer o que estava rolando. Eu estava serena, calma e tranquila, apesar de estar estranhamente minha consciência um pouco distante, mas ali presente.
A minha médica-parteira veio me ver em casa. Fui examinada, escutamos o bebê. Abraçamo-nos, sim, estava perto, Ian estava dando seus sinais. Eu estava com uma cara de incrédula e pensava “É isso mesmo? Chegou o dia? Eu sou capaz de sentir contrações e de conseguir parir?”. Ela despediu-se e combinamos de continuar nos comunicando por telefone para quando as contrações engrenassem começar todo o preparo para o parto.

Na hora do almoço meu sogro voltou com minha filha e com meu marido e almoçamos juntos. As contrações não paravam. Meu sogro despediu-se e levou Valentina. Meu amor perguntou se achava que era bom eu ficar só, eu disse que sim, que iria tentar dormir e qualquer coisa ligaria, mas ele precisava ficar alerta de lá do trabalho dele (moramos no mesmo bairro da empresa dele, poucos minutos de distância). Antes de subir para o quarto (de onde sairia seis dias depois, rsrsrsrs) minha faxineira perguntou “Dona Érica você já fez a mala do bebê e sua bolsa? Não vi em canto nenhum”, sorri e fiz com a cabeça que não. Subi em silêncio. Fechei as cortinas e as portas, deitei exausta de sono e logo cochilei, mas às 14h em ponto uma mega-contração veio. Deitei novamente e cochilei. Outra contração forte às 14h30 e levantei da cama. Comecei a andar, tentar usar a bola, andar de quatro, balançar os quadris, tudo incomodava. Chorei, mas naquele momento eu queria estar ali, só, no silêncio, na escuridão (ainda bem que minha faxineira não veio olhar o que acontecia). Percebia que minha consciência estava indo cada vez mais aos poucos. Mais uma contração forte às 15h e acocorei-me no pé da cama e saiu um filete de sangue. Liguei imediatamente para meu marido, “Vem para casa (murmurando no celular ainda dentro da contração), está doendo e preciso de você. Chegou a hora”. Fotografei o filete e enviei para a médica-parteira. Seria a bolsa? O tampão? Nada estava sendo como o TP de Valentina, tudo novo, diferente, uma nova experiência e eu estava me jogando nela de corpo e alma.

Meu marido veio voando. Chegou numa animação só, sorrisão no rosto e eu era só cara séria. Prático que é já foi se encarregando de arrumar tudo. Cobriu a cama com o plástico, armou e encheu a piscina, afastou os móveis. Eu ainda conseguia falar, dar algumas ordens (inclusive de desligar o televisor que ele ligou, queria silêncio total!) e pedi para ele ligar e avisar a parteira que a coisa estava séria dessa vez. Falei com ela também e contei o que estava sentindo. Ela disse que iria se preparar e estava a caminho. Veríamos se o bebê nasceria ainda naquele dia.

Despi-me (de toda e qualquer roupa ou enfeite, prendi o cabelo), tomei uns banhos de chuveiro com água bem quente e entrei na pouca água da piscina que meu marido havia conseguido colocar, mas ficar deitada (já que ela era bem rasa) era uma tortura, e eu não achei a água quente o suficiente. Queria descansar para repor as energias, mas na cama também era impossível. Fiquei naquela andança, até que pedi para ele armar uma rede. Ali sim, encontrei sossego. Cada contração eu me balançava, aquela posição meio sentada meio deitada era perfeita para o meu descanso e para aliviar as dores. Vocalizava a cada contração e voltava para meu silêncio, respondendo o que somente meu marido perguntava.

Por volta das 19h/20h a equipe chegou animada, as meninas trouxeram uma energia positiva e feliz. Foram para o quarto do Ian e fizeram o ritual de desarrumação (das parteiras formadas na tradição), acredito também que nesse momento rezaram pedindo proteção. Falei como estava me sentindo e do que tinha passado até aquele momento. Foi uma felicidade sentir que todos estavam lá e que Ian nasceria logo, logo. Eu já não tinha tentado fazer mais nada, estava ali na rede sem contribuir para um parto ativo (que tanto falam). Minha vontade foi respeitada e continuei na rede me balançando. A equipe cronometrou as contrações, escutou o bebê e no intervalo de uma fui convidada para a cama. O exame de toque (não doeu nada) e a comprovação: sete centímetros de dilatação. Pensei “Uau, jurava que estava em dois ou três, mas que bom, estamos mais perto do que longe”.

A coisa foi apertando. E fui convidada a testar outras posições, a movimentar-me e sair da inércia da rede. Balancei com a cabeça que sim. Fui para a bola. Fiquei de quatro nocolchão no chão. Pendurei-me na rede (pelos braços). Recebi massagens. Algumas eram bem vindas e outras eu segurava a mão da doula num pedido para parar. Ela sugeriu um banho quente. Fui para o chuveiro. Fiquei só. No escuro. Vez ou outra alguém entrava e olhava de longe e retirava-se novamente. Na casa ao lado tinha uma festa, mas eu sequer escutava os sons direito, estava em transe, mas pensava “Nossa! A festa deve estar escutando os meus gemidos, mas quer saber? Dane-se!”.

Com as contrações cada vez mais apertadas, no chuveiro pensei muitas besteiras, como por exemplo, de como estava demorando, se eu iria conseguir mesmo, e se desse errado quanta gente falaria “está vendo sua teimosa”... A água quente já não era mais confortante, nada no mundo fazia parar as contrações, eu me acocorava, ficava de quatro, e pensava “cadê a força que dizem que vem quando o bebê já vai sair”, falava baixinho vem Ian, vem Ian, ajude sua mãe seu cabra! Quando me apoiei de quatro em uma cadeira que estava dentro do box, veio a tal força. Descomunal e ela que não era minha. Era uma força divina, de uma entidade, que vinha sem eu mesmo querer e pensar de forma consciente, uma força do meu corpo, das entranhas, que a natureza plantou no corpo da mulher somente para aquele momento e função. Parecia algo como um soco na barriga, mas sem dor, somente o reflexo do contrair dos músculos com uma força para baixo. O primeiro puxo foi verbalizado com um “uuuhh” e escutei os passos acelerados da doula e a vi entrar mais apressada no banheiro. Pensei, agora sim, lá vem o bebê! Fiquei mais um tempo no chuveiro, dessa vez fiscalizada, mais puxos, e logo sugeriram: vamos sair? Disse que sim com a cabeça.

Quando saí do chuveiro e os puxo continuaram, a equipe começou a ajeitar o material para a chegada do bebê e pensei mais uma vez “Está muito perto”. Colocaram um colchão no chão, encostado na minha cama. Fui para o colchão e dessa vez o pai estava na jogada. Vários puxos e nada do bebê. Sugeriram alternar as posições. Fomos para a cama. A posição tradicional era incomoda. Ficamos em pé, eu e meu marido, um de frente para o outro, e a cada puxo eu acocorava. Nada do bebê. Não sentia nada no meu canal. Onde estava o Ian? Cadê ele?

Sei que aboli os relógios do recinto, não quis saber em nenhum momento que horas eram, quanto tempo havia passado, ansiosa por natureza, eu sabia que contar o tempo me deixaria nervosa se a coisa toda começasse a demorar demais, e demorou. Pela quantidade de puxos e pela minha exaustão, eu sabia que sim, a coisa estava demorando (eu tenho varizes vaginais, descobertas na oportunidade, que incharam, estreitando muito o canal e atrasando a saída do bebê).

Percebi meu marido um pouquinho tenso, e olhava para ele fazendo um sinal de negativo com a cabeça, ele retornava com um sorriso amável e balançando a dele dizendo que sim. A equipe movimentava-se mais, começaram a fazer Reiki. E verbalizei “Eu não vou conseguir” todos falaram “Como não? Estamos quase lá? Você é uma guerreira, chegou até aqui, força, estamos lá”. Nesse momento pensei nas minhas avós, na força de como elas tiveram seus filhos, nas minhas bisavós e em todas asmulheres que desde que o mundo é mundo tiveram seus filhos daquela forma, eu iria conseguir, eu sou mulher e meu corpo é forte e pronto para isso.

Sugeriram mudar mais uma vez de posição. Eu não estava tendo o controle do puxo associado à força (e de fato não estava). Estava cansada por demais, pensava que ia desmaiar de exaustão. Voltamos para o colchão, dessa vez meu marido sentado, apoiando-me em suas pernas, segurando meus braços e eu de cócoras entre as pernas dele. Mais puxos e a parteira com a lanterna verificou que algo estava por cima da cabeça do bebê, impedindo a livre passagem (eram a tal das varizes). O bebê já estava baixo. Os batimentos continuavam perfeitos. Ela tratou logo de afastar o que impedia a livre passagem. Senti o circulo de fogo. A cabecinha coroou. Perguntaram se eu queria tocá-la, eu disse que não, e perguntaram o que eu queria, disse que ele saísse logo (#phyna eu, rsrsrs). Todos riram. A equipe continuava a entoar palavras de apoio (guerreira, mulher forte, relaxe e deixe seu filho vir). O pai conseguiu enxergar a cabeça, ficou entusiasmado e falou brincando “Olha a cabecinha dele saindo! Nossa que cabeça grande. Cabeção!”. Todos riram e disseram “Ow papai, não é não, ele é lindo”.

Senti os ombros passando rápido e uma leve desencadeirada dos meus quadris. Relaxei. Saiu cuspido o resto. “Corre, pega o relógio”, falou a doula. Lá estava meu Ian, às 24h51 do dia 21/09/2013. Eu olhava para aquele bebê e não podia acreditar, “Eu fui capaz! Eu pari! E ele é enorme gente!”. Ian deu uns grunhidos, nada daquele choro esgoelado das cesáreas. Foi para os braços da parteira, que usou uma perinha nas narinas dele. Todos vibravam, falavam palavras de carinho, de boas vindas, entre sorrisos. Ele veio para meus braços com o cordão ainda pulsando e ligado a minha placenta que estava dentro do meu corpo. Lindo, perfeito, mãos, pés, olhos abertos, o corpinho úmido e quentinho (que sensação tátil indescritível!), do jeito que estava dentro de mim. Babei minha cria. Perguntaram se o pai gostaria de cortar o umbigo, ele disse que não (#phyno também), a médica-parteira cortou. Eu iria parir a placenta, entregaram Ian para o pai que levou o baby para conhecer a casa e ter a primeira conversa de homem para homem.

Naquele momento toda a exaustão tinha ido embora. Fui tomada por uma sensação de plenitude, bem-estar, leveza, felicidade. A energia que rolava na minha casa era uma coisa mágica. A noite de lua cheia estava linda, o clima agradável, era a abertura da primavera, e só os grilos cantavam lá fora (a festa do visinho já tinha acabado a essa altura). Ligamos para o sogro e para minha mãe. Continuei deitada no colchão para expelir a placenta (aliás, coisa chata eim?). A equipe e meu marido trocaram todos os lençóis, arrumaram o quarto, limparam o ambiente, desarmaram a piscina, passaram pano. Minha mãe chegou com minha irmã e foram acompanhar a doula colocar a roupinha (sem dar banho para manter o vernix), pesar e fazer as primeiras avaliações (aliás, se não fossem pelas duas não teríamos fotos, foi tudo tão intenso que não nos preocupamos em gravar e fotografar o parto, uma pena!). Mainha também ajudou na arrumação. Ela estava feliz (apesar de não concordar com o domiciliar), parabenizou o trabalho das meninas, ficou encantada com o que viu (apesar de ver muito sangue e a filha no colchão com o cordão umbilical saindo e a placenta ainda dentro, rsrsrsrs), fezcarinho em mim, agradeceu por tudo ter corrido bem, falou diversas vezes que estava orgulhosa da filha que tinha, pela minha escolha, e, claro, babou o neto.

Continuei deitada no colchão, uma contração e nada de expelir a danada da placenta, conversamos, meu marido foi tomar banho, outra contração veio, fiz força, e saiu a danada. Grande, pesada, vascularizada, grossa, enorme! O ninho que abrigou meu bebê, que meu corpo criou para ele crescer forte e saudável. Fui avaliada quanto às lacerações que tive. Por conta das varizes Ian teve que vir com uma força mais agressiva e vencer o canal que estava inchado, mas as lacerações foram superficiais. Esperamos mais um médico chegar para dar os pontos e eu cochilei (aliás, um dos melhores cochilos que tirei em toda a vida). Estava morta de fome. Minha mãe e meu marido prepararam um pratão de cuscuz com sardinha e um copo de suco de caju. Devorei. Ian passava de mão em mão, a tia babando, registrando em fotos para postar nas redes sociais...

Quando o médico chegou anestesiaram o local e fizeram os pontos (chatinho demais). Meu marido tirou um cochilo na cama com o bebê enquanto faziam os procedimentos. Minha mãe despediu-se. Quiseram me colocar na cama, mas eu não quis, pedi para ficar ali imóvel, fiz xixi deitada, não quis tomar banho, não senti nojo de nada, fui respeitada, mesmo todos entre risadas perguntando se eu tinha virado índia de vez. A equipe despediu-se às 4h30 da manhã. Meu marido desceu para fechar a casa e apagar as luzes. O sol estava nascendo. Dormi no colchão e o papai com o bebê na nossa cama. Ian chorou e o pai trouxe para os meus braços, dormimos novamente. Acordei de manhã, fui andando para o banheiro, tomei um bom banho, coloquei minha melhor camisola, e entre telefonemas, anúncios nas redes sociais, a parentada foi chegando, fiquei no quarto com Ian. Valentina, agora a irmã mais velha, só chegou no domingo pela manhã para conhecer o irmão, ela estava no sítio com o avô e preferiu ficar por lá (rsrsrsrs). Ela ficou feliz de conhecer Ian, e deixei tocar nele, beijar, fazer tudo o que ela queria. E lá estávamos todos nós embrulhados em nossa cama, a família completa.

E por fim... 

Então, foi assim a minha trajetória para um parto natural domiciliar, que foi a cura para um parto frustrado que terminou em uma cesárea desnecessária. Foi uma escolha e fui escolhida. Acho mesmo que dentro de uma avaliação mística tudo caminhou para dar certo, aquele parto era meu! E diferente da cesárea (onde ninguém tem curiosidade de saber como foi), quando me perguntam como é a experiência, costumo dizer que é como ir ao espaço, pisar na lua e ver a terra de lá.
E só para terminar, quando eu era criança eu queria ser astronauta. Uma vez, junto a mais de 300 crianças em um evento, a professora estava falando sobre profissões e começou a indagar falando algumas e pediu para que quem quisesse aquela profissão ficasse de pé e levantasse a mão. E começou: médico, um tantão levantou; professor, mais outro tanto; advogado, outros; e quando falou astronauta só a louca aqui ergueu-se no meio daquela multidão o corpinho franzino que até hoje conservo (tenho 1,58 e 49kg).

Hoje, claro, do alto dos meus bem vividos 28 anos, sei que seria praticamente impossível tornar-me astronauta (mas como é bom sonhar com essas coisas quando criança!), mas acredito que esses homens e mulheres que conseguiram ser, são os poucos que tiveram o privilégio de viver o que nenhum outro ser humano vai poder experimentar. O meu (nosso!) PN domiciliar e humanizado foi mais ou menos isso para mim. Uma experiência só minha, que posso dizer que passei por essa vida e vivi algo intenso, único, como pisar na lua, mas com uma diferença, você também pode vivê-la, basta querer.

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Meus agradecimentos, 

A Lia Haikal, médica e parteira, que tornou possível tudo isso; a minha doula, fisioterapeuta e aprendiz de parteira, Meirhuska Meira; a meu marido, Ubiratan Carvalho, por todo o apoio, por compartilhar uma vida comigo, por empoderar-me dia a dia, por me amar, me apoiar, por dividir comigo os filhos lindos que temos; minha mãe, Alessandra Chianca, que não aceitou o PD, mas apoiou carinhosamente minha decisão e escutou durante nove meses discursos acalorados sobre a segurança da minha escolha; Meu pai, Herivelto Araújo, que achou tudo normal; Meu sogro, Alberoni Carvalho, por sustentar o segredo, por ser o encarregado de comprar os insumos para o parto, por nos apoiar e por cuidar de Valentina; a Rafaella Lira Amorim, por ter compartilhado sua experiência em seu PD, por ser minha musa inspiradora, por emprestar livros, por incentivar-me, por vibrar ao saber do nascimento de Ian e por ter tornado-se minha amiga; as mulheres empoderadas que encontrei no caminho, principalmente a Isabela Deiss, que me fez acreditar que se ela dava conta de quatro filhos eu ia tirar de letra cuidar de dois; Por todos os amigos e familiares que torceram, vibraram juntos, que compartilharam vídeos, conteúdos, que enviaram energias positivas (em especial dona Renata Escarião), e também a todos os que não aceitavam, que tinham medo (né, Claudia Chianca?), que achavam loucura e que desacreditavam o PN, saibam que vocês foram peça importante para manter meu pé no chão e considerar riscos; e principalmente, e por fim, a minha mini-deusa, Valentina Chianca, que em nome de me proporcionar o presente mais lindo que pude ter veio antes para ensinar-me o que era ser mãe, para chacoalhar minha vida e colocar ela no prumo, para tornar-me uma mulher livre, decidida, firme, para dar-me a chance de fazer as coisas de uma outra forma, de uma forma diferente, de tentar concertar erros, de buscar um outro caminho. Obrigada minha flor.



Pesagem do Ian - Doula Meirhuska Mariz Meira





Muito obrigada Erica por compartilhar sua experiência conosco, tenho certeza que seu relato ajudou diversas futuras mamães.
Quem quiser compartilhar sua experiência conosco basta enviar um email para cotidianomaterno@gmail.com 


Beijos,
Manú
Comentários
12 Comentários

12 comentários:

  1. Tão bom ler um relato lindo desses e saber que saiu daqui, de pertinho de mim (sou de Campina Grande). Sim, é possível! Todos podemos, temos direito, nossos filhos tem esse direito, de ter um começo de história lindo, respeitoso, amável, acolhedor! Amei! Saúde para os personagens dessa história linda!

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  2. Erica, parabéns! Fiquei muito emocionada com o seu relato, pois sempre sonhei com o parto humanizado e tive cesárea, apesar de a minha ter sido necessária. Espero que um dia, caso eu venha a ter um segundo filho, eu tenha sua coragem e força para fazer o que você fez: Uma demonstração de respeito à vida e de como as coisas devem ser: Tratadas com a naturalidade e a emoção que o momento requerem. Um grande beijo, Audrey

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  3. Lindo Erica, parabéns ! Tô devendo uma visitinha. bjs

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  4. Nossa Erica, que forte sua história. Eu também tive minha primeira filha cesariana e quero com todas as minhas forças ter minha segunda moça normal agora, na minha primeira filha eu não era muito informada tudo que me diziam eu acreditava e mesmo sem ter feito nenhum toque, sem ter sentido nada foi para sala de cirurgia, senti muita falta dessa emoção, de sentir minha filha dizendo que quer vir a esse mundo e hoje 2 anos e 5 meses depois, tenho outro pensamento, leio muito sobre o assunto, converso com pessoas informadas e mesmo contra a vontade de muitos da minha família quero demais ter um parto natural. Confesso que ainda tenho tenho alguns medos e que alguns detalhes do parto normal ainda me assustam, tenho as mesmas dúvidas: será que vou conseguir? Etc...Mas estou firme e forte na minha decisão. Parto domiciliar ainda é muito temeroso para mim, mas o que pesa mais é a questão financeira, realmente não é barato mesmo. Minha nova obstetra super incentiva o parto normal, disse que não faz o corte, não coloca soro para acelerar, faz tudo o mais natural possível. Estou bem ansiosa, quero muito sentir tudo isso, espero que dê tudo certo, estou com 34 semanas aguardando o momento da minha bebê. Obrigada por compartilhar sua história. Grande beijo, felicidade para seu Ian (seria o nome do meu filho se fosse menino rsrsr) Jady Natal-RN

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  5. Linda e maravilhosa experiência que só quem passa sabe, ímpar. Parabenizo pela sua coragem.

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  6. muito linda, essa experiência. de fato, parece algo bem incrível. e aqui a gente vê que uma série de paradigmas de nossa sociedade - o tempo definido por relógio ou a mercantilização da medicina e do nascimento - podem ser sobrepostos, questionados e levar a demais vivência, tão enriquecedoras e bonitas. valeu a pena, Érica. e valeu a pena para que todos nós pudéssemos ler esse relato tão bonito. bastante emocionante. boas novas para você, o Ian, a Valetina e toda a sua família. tenho certeza que esse parto deve inaugurar uma fase muito rica e linda na vida de vocês. ;)

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  7. Lindo, lindo, lindo. Perfeito, assim sonho com um PD algum dia!

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  8. Parabéns!temos muito mais q só o nome em comum e espero ter toda essa força para meu futuro VBAC tb...

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  9. Amei!!!!! Sonho com meu VABC!!!! Lindo relato! Parabéns guerreira!

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  10. UAU PARABÉNS, MARAVILHOSO E INSPIRADOR!!!

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  11. Forte e decidida, sempre a achei; lindo texto,você foi além das minhas expectativas...Parabéns!!!

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